Criado na ilha do Pico sempre se habituou a passar bastante tempo sozinho, consigo. Como adolescente que se preze nunca soube o que queria da vida, ou mesmo se queria alguma coisa. Depois de sobreviver à adolescência só pensava em sair dali, nem que fosse só por piada, a sua eterna e fiel companheira. O ensino superior em Coimbra, com temporadas arrebatadoras na Finlândia e em Espanha, conseguiu dar-lhe isso mesmo e aí se iniciou o seu trajecto. Quando voltava a Portugal, abananado, estava cada vez mais longe do seu passado.

Ainda demasiado distante do mundo das palavras explorou algumas opções profissionais ligadas aos animais e apenas dois maravilhosos filhos depois é que aprendeu que além daquilo que fazemos, o que dizemos também é importante. Só depois dos trinta mergulhou de olhos fechados e mente aberta no universo dos livros. Foi ganhando gosto pelas palavras, pelas letras. De ler a escrever foi um passo: um passo destemido, sobre brasas! Percebeu que podia criar pessoas, sensações, mundos inteiros e histórias intermináveis. Como a sua.