Os relatos que este livro contém narram como, supostamente, é possível dilatar o tempo, de modo que possamos sentir mais demorado aquele que a nossa vida nos destina; certos poderes voluptuosos que para os espíritos sensíveis podem possuir as palavras; o caminho após o caminho, ou o que se pode encontrar para lá dos sonhos lúcidos; os estranhos factos que na teimosamente pagã cidade de Ponte Vedra podem acontecer na véspera de São Bartolomeu (quando o diabo tem licença para andar à solta); o amor e o ódio, quando no meio agem as artimanhas da cultura, interpretada na sua vertente mais criativa e, por isso, perturbadora; o fetichismo da palavra, novamente, a convergir em seitas iluminadas; a construção e a aniquilação do tempo na fotografia dum heterodoxo; o inquietante retorno dos baluros e a tentação de se deixar levar pela sua natureza sempre perversa; e a procura e consciência duma realidade labiríntica, talvez pactuada... Se calhar, a fabulação lírica daquilo que nos foi dado viver.