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Mesa na planície
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Mesa na planície
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Detalhe
Editora:
Chiado Books
Data de publicação:
2024-05-24
Páginas:
364
ISBN:
978-989-37-7762-6
Género:
Ficção
Idioma:
PT
Sinopse

"Mesa na planície" é um devaneio ficcional, estruturado em "cadernos", cadernos, passados a limpo ou palimpsestos, de um escor­regadio autor/narrador/personagem sobre as suas circunstâncias e as re­alidades evocadas de uma cidade, Évora, nos últimos anos da ditadura e a incapacidade de, neles ou depois, se constituir cidadão pleno.

O que este narrador/personagem/autor narra e acomete criticamente são factos históricos e atmosferas locais revirados por uma mente "aci­ma" deles, desde a memória impregnada dos autos de fé da inquisição nas pedras da cidade, até à impossibilidade de ser a seu talante, num tempo já de mais liberdades cívicas e eventual melhor compreensão de si e de outros.

Os "cadernos" e o remate final frisam a ambivalência de um ser de lucidez "superior" e sensibilidade "fina" com a sua real condição de ineficácia perante as realidades, a sua perda de funcionalidade nelas e o recuo a uma solidão assistida: "ter órgãos para o sonho, não os ter para a vida" - o emblema de Rainer Marie Rilke na obra "Os Cadernos de Mal­te Laurids Brigge", superintende e rege, desde o início, as narrativas; se o emblema esclarece bastante a tipologia de personagem/narrador/autor, por outro lado, não deixa de conferir larga margem para inscre­ver, criticamente, detalhes concretos dessas realidades, aparentemente através dos olhos baços de um alienado no seu gradual definhar.

Um olhar caleidoscópico - sobre várias vidas com que, local­mente, se cruza, vidas de maior objetivo, com que se mascara, ou de menor e delével importância, com que se identifica - culmina na even­tualidade de um caso amoroso ser a base do seu caso, talvez real, talvez de abusiva intromissão ou de, talvez, difamatória intenção.

Seja como for, a ambiguidade, a leitura indecisa do narrado, a inocência ou a perversidade no que se relata em ficção, não deixará de ser lido como uma série de dúvidas, já não sobre o personagem/narra­dor/autor, mas sobre os tempos e as morais desses tempos idos e os atu­ais, deles decorrentes, num espaço específico, num tempo delimitado.


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