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Os erros que, na vida, pensamos cometer, por vezes apontam para sonhos ocultos de que não somos conscientes. Em sonhos, podemos fazer o que quisermos. Os erros não existem. Quando se dão, não causam danos reais. Ao acordar, porém, tudo é como antes... ou quase tudo.
Os seus olhos são intensos e inocentes e penetram-me até que, como se me esmagasse com o poder do olhar, já não aguento. Caio do espaço e do tempo para dentro do olhar desta estranha criança... Sem fôlego, procuro qualquer pensamento sensato a que me agarrar, mas todas estas tentativas são em vão... Mergulho no vazio de uma caverna aparentemente interminável... Nesta queda frenética, em desespero e sem saída, vou-me dando conta de que é preciso abdicar de todo o controlo e no final entrego-me, completa e incondicionalmente.
Singelamente flutuo para dentro dele, para um corredor que vai escurecendo, cada vez mais, até que uma noite absoluta me envolve como um pano de veludo preto. Depois, o pano levanta-se... como se fosse o pano pelo qual as grandes mãos de um ilusionista fazem aparecer uma pomba ou um coelho branco... E eu saio de entre estas mãos e posso ver todos os estandartes, e através deles também um lugar indefinível, sem contornos claros, onde as sombras flutuam muito lentamente umas sobre as outras como numa dança de
cavalos-marinhos... Depois, estas sombras escuras dividem-se em partes cada vez mais pequenas, pretas e cinzentas, em diferentes tonalidades de azul e verde... Ao mesmo tempo, o espaço também se divide em pequenas formas luminosas de amarelo, rosa e prata
De início, todas estas formas se movem lenta e desordenadamente. Depois agrupam-se, vivas como um enxame de borboletas a perseguirem-se umas às outras, de forma lúdica, num jogo entre espaço e forma, e forma e espaço... São acompanhadas por uma música irónica, sem ritmo fixo, de oboé, cravo, clarinete, flauta, sinos inesperados... Uma borboleta escura pousa no meu antebraço. Olhando para ela, descubro que nas suas asas está escrita a palavra CONSENSO. Uma borboleta brilhante pára a seu lado. Nas suas asas posso ler: IMPREVISIBILIDADE.
Uma vez mais, a dança abranda e as borboletas mais escuras juntam-se no centro da sala. As brilhantes e luminosas, à sua volta, remodelam o espaço. Assim surge uma única figura, escura e vibrante: o Mago. Volta-se para mim, como se tivesse rosto, e olha-me nos olhos, embora o olhar consista apenas em escuridão, intensa e profunda.... É um nada que parece familiar, e dele, depois, também emerge algo que me resulta familiar...