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Vasco correu a infância pelas matas em redor das aldeias de xisto que constituíam todo o seu mundo conhecido.
Por estes dias, aqui contados, Vasco tem doze anos, uma fisga, feita com uma vara de oliveira, um peão, oferecido pelo Tó, dois livros, ambos presentes do Vitalino nos seus dois últimos aniversários e o seu bem mais precioso, um relógio de pulso, herdado do avô materno. Tem ainda inúmeros calos nas mãos e nos pés e uma aparência tão distinta dos outros nativos das terras de xisto que lhe confere uma atenção por parte dos demais que de bom grado dispensaria.
A felicidade é o fruto do valor que atribuímos ao que temos e ao que somos. E, no seu entendimento, Vasco é tudo quanto podia ser e tem tudo quanto podia ter naquele lugar e naquela circunstância. só ambicionamos o que conhecemos.
No dia em que o destino anunciou a intenção de o arrancar pela raiz lançando-o num insuportável vazio, tudo se precipitou num complexo emaranhado onde se sentia perdido. Ir embora. Não conseguia reconciliar-se com essa ideia. Que pensaria o avô de tudo aquilo? Ele que renunciara a tudo em nome da terra.