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Trabalhar, via de regra, é necessário. Mas também pode ser algo muito gratificante. Já a ausência de trabalho, não sendo voluntária, pode ser desesperadora. O isolamento social imposto pela COVID-19 comprova a assertiva. A propósito, tempo é dinheiro? Há conexão entre trabalho, consumo e felicidade? Buscando responder estas e outras indagações exponho e contraponho algumas convicções pós-modernas ligadas à necessidade de hipertrofia no poder aquisitivo das pessoas, obtido por intermédio do trabalho remunerado das mesmas como agente de fomento a serviço do hiperconsumo.
Convencionou-se no jargão popular, em tom de relativo deboche, que “se o dinheiro não é capaz de trazer a felicidade, ao menos tem condições de comprá-la”. Igualmente comuns são apelos do tipo: “você trabalha é para isso mesmo”. Portanto, “adquira já e desfrute agora os benefícios prometidos pelo anunciante”. Ou ainda, “não adie mais o seu sonho de consumo: compre já”. O desacerto das decisões aquisitivas ou a crença de que elas valeram a pena serão replicadas e passarão a constituir um modo de viver. Frustrações e arrependimentos darão ensejo à desagradável sensação de que o tempo foi perdido. Uma reflexão livre e responsável, mesmo quando despertada a partir de excepcionalidades, pode permitir trilhar um percurso diferente.