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José António Pereira da Silva

O AUTOR, “VISTO” POR UM VELHO AMIGO

Filho de pais católicos e conservadores, nasceu em Coimbra no final de 1949. Lendo o que apanhava à mão, cedo se fez à descoberta da vida pelos ca­minhos livres das letras. Referenciado na família e na escola como rebelde, ainda criança percebeu que só quem ganha o pão que come pode aspirar à liberdade e independência. Daí a ter começado a trabalhar como bancário com dezasseis anos, foi um passo. Aos vinte, era funcionário público e aos vinte e um casou. A sua primeira filha nasceu era ainda estudante de Direito, curso que concluiu aos vinte e dois anos com classificação que lhe abriu as portas da carreira académica na Faculdade de Di­reito de Lisboa. Enquanto estudante, ainda arranjou tempo para apoiar a CEUD nas eleições de 1969 e, empenhado no Movimento Associativo e Estudan­til, veio a ser constituído arguido em processos dis­ciplinares na sequência da crise académica de 1969. A PIDE/DGS vetou a sua entrada na Magistratura em 1973, “por não servir para colaborar com os al­tos desígnios do Estado Português”.


Acabou por ingressar na Magistratura em 1974, ten­do sido o primeiro Delegado de Grândola. Fundador do sindicato que víria a ser o do Ministério Público, integrou a sua primeira Direcção. Em 1974 José An­tónio Pereira da Silva colaborou com a Junta de Sal­vação Nacional na feitura das primeiras leis cons­titucionais e Salgado Zenha, enquanto Ministro da Justiça, designou-o para representar a Magistratura na Comissão Legislativa encarregada de elaborar os diplomas incriminadores da PIDE/DGS, a cuja Co­missão de Extinção pertenceu. Deixou a Magistra­tura no final de 1975 para poder leccionar como As­sistente na Faculdade de Direito de Lisboa, onde se manteve até 1985. Advogado com mais de quarenta e sete anos de profissão, foi fundador e Presidente da Associação Nacional dos Advogados Portugue­ses. Militante do MES até à sua extinção, fez parte do núcleo fundador da UEDS, de que saiu em 1980. Olhando de soslaio os partidos políticos, nunca mais se filiou partidariamente, o que não o impediu de intervir regularmente na defesa de várias causas cívicas, como a legalização das “casas de passe” e a consequente erradicação da prostituição de rua e a defesa de uma regulamentação rigorosa da activi­dade “lobista”. Amante do fado de Coimbra e “do­ente” da Académica, é-lhe conhecido o “mau feitio” quando a”Briosa” é “roubada”. Tendo uma relação distante com o Poder e pouca importância dando ao dinheiro, reconhece-se como ateu e existencia­lista, o que não o impede de ter como referências na sua vida, Santo António, São Francisco de Assis, João XXIIl e o Papa Francisco. Pai de quatro filhos e avô de quatro netos, confidencia aos que lhe são próximos, a sua esperança de que eles o venham a ler e não lhe levem a mal o “realismo” da sua obra literária.

José Marchueta, Amigo do Autor há cinquenta e seis anos.

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