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O que levou Fernando Pellisoli a inspirar-se em Ferreira Gullar para escrever seu longo poema? Um desafio? A despreocupação com o julgamento do leitor? Pellisoli, com esta sua mais recente publicação, “apodrece” o que em Gullar é “sujo”? Avaliemos:
“[...] este poema podre imitando Ferreira Gullar/ é filho da mãe ou/ da puta,/ que posou à beira da cama do meu lar.”
“[...] tenho medo/ de perder o meu rumo/ e morrer louco sem nenhuma amplitude,/ pois nem mais maconha eu consumo.”
A constância rítmica é abusadamente ousada. Ou, apenas para impactar, rima poliglota com xoxota – julgue o leitor. De outra parte, encontramos uma vasta poeticidade, magia da palavra e uma inspiração que emocionam e consternam, pois, um dos motivos, é claro, o encanto pelo poeta de São Luís do Maranhão:
“Gigante pela própria natureza este poema homenageia Ferreira Gullar com tanta graça e tanta beleza, no céu infinito, no oceano e no mar, eu vou viver, eu vou cantar...”
Ah cantar, isso o poeta pode e deve! Doente o poeta, a poesia? Doente a sociedade, que provoca desvarios no ser humano em geral, versejador ou não. Por que o poema é sujo ou é podre? E acaso o poema do Gullar fosse limpo? E se o de Pellisoli fosse sadio – teríamos Poesia? Não! Não há poesia no verso previsível, na banalidade, na sanidade. Ave, louca Poesia! Ave, louco poeta! E estamos justos e acertados, no partidor, mas para a leitura deste ótimo livro de Fernando Pellisoli.
ROSSYR BERNY
Escritor, editor, acadêmico, jornalista