A formação de um delta de um rio é um processo lento, e no qual as partículas provenientes dos cumes mais altos são transportadas e modificadas ao longo do seu percurso até se acumularem na foz dos rios. À medida que essas partículas na foz se começam a acumular, a água por sua vez, torna-se mais rasa dando origem aos mais variados relevos e formas.

No imenso espaço, a estrela azul-branca Delta, também conhecida como Yildun, na constelação da Ursa Menor, é uma estrela que pode ser observada a olho nu a partir do planeta Terra. Yildun faz parte de um sistema estelar complexo, onde interage com outras estrelas próximas, influenciando o seu ambiente e evolução. Estrelas como DELTA desempenham um papel crucial na formação e evolução das galáxias, e relembram-nos da vastidão e da beleza do universo. Bem como da sua contradição e incerteza.

Assim como um delta, o quarto volume de poesia intitulado DELTA representa o ponto de transição de uma poesia estruturada e formal para uma poesia mais fluída e madura. Tal qual os inúmeros braços de um delta de um rio, também a poesia de Luísa D’Ó neste volume enfrenta a diversificação das suas palavras ao ponto de alguns versos parecerem infindáveis ramificações que se alastram em interrogações e em emoções que se contraem e expandem num movimento semelhante à respiração. E, tal qual Yildun, este volume de Luísa D’Ó, mostra a complexidade dos sentimentos que assolam a autora onde as forças femininas interrogativas afrontam o lado masculino das suas afirmações.